segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Precipitação

Mesmo que chova como sempre quando faz noite em tua casa. E o céu gelado da tua sala me convide a cair de sono pela paz imposta no silêncio da nossa fé. Os quadros continuam fazendo menção as horas que nossos olhos precisam explorar horizontes mortos, pra manter o brilho que resta no mais intimo da nossa espera.

Esperamos um ao outro, com o mesmo tom de voz quase inaudível entre dias nublados, dizendo que não aguentamos. Certamente diríamos mais:


- Sempre existiram cores em algum canto, mas esquecemos, esquecemos como as crianças esquecem seus tesouros entre as décadas, e depois passam a viver tentando lembrar, de algum canto, alguma lembrança empoeirada num lugar seguro fora do seu caminho. -


E se pudéssemos retomar numa direção contrária a essa, e sentíssemos em nossos dedos, a textura de mil coisas que nos encardia de vida e sol. Talvez lembraríamos.

E em qualquer lugar, em qualquer estação, numa casa cheia de rastros, tão cheios da corrente de ar invadindo nossas paredes. Não nos esconderíamos da chuva.

3 comentários:

  1. Olá, André!

    Obrigada pela visita! Que texto maravilhoso, quanta sensibilidade. Voltarei sempre!

    Boa semana.
    Um beijo,

    ,)

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  2. Oi Dé, desse eu gosto demais. Gosto do jogo de palavras, do ritmo das linhas, tudo muito doce, sussurrado, intenso e cheio de reflexões.


    Saudades de você Menino

    Beijos

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  3. Aaaaai que amei! Lindo, provoca sorrisos!

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"Não me venha com mais infância"

De todas as infâncias aqui vividas, aqui postadas, aqui lembradas, eu não quero mais lembranças de uma infância. Seja sempre criança, não me venha com infância, infância é coisa de quem já envelheceu. Envelhecer é coisa de coração que vai morrer. Não me fale de infância, aqui somos eternamente esses olhos encantados.