Resolvi mudar tudo
Um dia descobri que minhas inquietações poderiam ser reproduzidas em fábulas e acabei me tornando um ‘garimpeiro tragicômico’ do sofrimento. A menina que é abusada, mas ainda vê o mundo de forma inocente (Sonho de Pano¹); o cigarro que toma conta do fumante (Baile dos suspiros²); a menina que tem que enterrar um irmão morto e consolar o outro que ainda está vivo (Os três anjinhos³); acho que foi por aí que despertei.
O sofrimento é sufocante e extremamente fascinante, emocionante, incômodo; ELE É ÓTIMO e tem um potencial incrível para envolver as pessoas. Mas se banalizado como quase chegou (ou chegou) a ser aqui, ele perde sua real função e se torna uma praga. Diferente da menina, nos enterramos com o que está morto e abandonamos o que ainda tem potencial para viver.
Esse potencial tem me assombrado, ver que mesmo com todas as misérias da vida ainda existem pessoas que convivem com as lástimas e são felizes simplesmente por ser, sem subverter as coisas puramente puras. Eu não quero ser um canal de sofrimento por mais que isso alcance algum ápice literário, a vida é o que mais importa. Deixemos que os mortos enterrem seus próprios mortos. Nós estamos vivos, mesmo que isso seja desafiador demais para alguns.
Textos mencionados:
[1] http://pinicoescondido.blogspot.com/2009/01/sonho-de-pano-espera-ansiosamente-o-fim.html#comments
[2] http://pinicoescondido.blogspot.com/2009/01/baile-dos-suspiros-o-corpo-de-fumaa.html#comments
[3] http://pinicoescondido.blogspot.com/2009/02/os-tres-anjinhos.html#comments