quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Papai

Sinceramente, não me lembro da sua voz, nem dos seus traços, sou completamente incapaz de citar uma característica marcante sua, ou de revelar como seu olhar transcorria nesse cenário que hoje nos envolve - eu e aqueles que restaram.

Acabei te conhecendo como esse quase-eterno, quase-vazio, uma sombra concisa passeando por minhas lembranças. Um sorriso sem borda, sem alma, sem traços, que ficou guardado tão indefinidamente em mim, dissimulando minhas lembranças nessa imagem insuportavelmente breve.

Foi difícil crescer sem querer me livrar o tempo todo do que havia impregnado de você em mim, foi difícil crescer enquanto minha esperança era de diminuir, e depois de me tornar tão minúsculo, mas tão minúsculo, poder observar esse teu último sorriso indo embora até se perder no horizonte, como um alegre pôr de sol.

13 comentários:

  1. O moço aí de cima riu, mas esse texto deu uma fisgada no meu coração. Bonito que dói hein!

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  2. Texto simples e bonito, parabens :)
    Nada nesse mundo tem mais valor do que as lembranças que temos de quem amamos!

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  3. É, Moço das dores encantadas, você voltou... Gosto quando suas linhas me sufocam desse jeito, me deixam sem jeito e até desenham meus ais e suspiros.

    Como você é bom nisso Dé.
    Obrigada por retornar de algum jeito, sempre sinto sua falta...

    Um Beijo com gotas de chuva.

    Saudades.

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  4. Olá, André.

    Obrigada pela visita em meu blogue. Vim conhecer seu espaço e adorei tudo por aqui! Li alguns de seus posts e me encantei! Este, então, é lindo, apesar de triste.

    Estou de seguindo, viu?
    Beijos :)

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  5. Amou seu pai
    não o tornou a ver
    escreveu dele e para ele
    significa que o seu amor
    o mantém vivo,
    quantas vezes a seu lado!

    Gostei do poema e da saudade,
    costei de o encontrar no meu "Arabesco"

    Maria Luísa

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  6. Oi , André


    Obrigada pela visita.
    Gosto da forma como escreve ...


    Um Dia Feliz pra você !
    Abraço

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  7. Sou um esboço irônico
    um traço pontilhado
    o ponto invisível de meu pai.
    Lindo seu blog - simples e com texto de fácil interpretação.

    BeijooO'

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  8. Sempre que se fala de pai, eu fico emocionado, pois o meu pai no próximo dia 04 fará 2 anos de sua passagem.
    Um gdd abç.

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  9. Oi André!

    E esse texto seu, é tão real...
    Praticamente você leu o que se passava com alguém muito próxima a mim.
    Mas como disse a minha linda Cáh Morandi, a gente ama sem conhecer.

    Um beijo!

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  10. Lindo texto.
    Simples, mas contagiante. Parabéns =)
    SusanaSousa
    http://arte-poetica-ss.blogspot.com

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  11. Amigo Andre: Lindo texto sabes quando a gente perde alguma fica sempre uma angustia em nós. Obrigado pela tua visita a um dos meus blogs.
    Vou seguir-te.
    Um abraço
    Santa Cruz

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"Não me venha com mais infância"

De todas as infâncias aqui vividas, aqui postadas, aqui lembradas, eu não quero mais lembranças de uma infância. Seja sempre criança, não me venha com infância, infância é coisa de quem já envelheceu. Envelhecer é coisa de coração que vai morrer. Não me fale de infância, aqui somos eternamente esses olhos encantados.