Olhares das crias
Mesmo faminto sabia que era melhor que estar morto o bastardo da cadela solteira que se engraçou com o primeiro vira-lata que aproximou do portão.
Queria voltar às patas da mãe, durante dois dias foi seu maior sonho dentro de uma sacola num terreno baldio.
Pobre cãozinho, as orelhas maiores que a cabeça, uma ferida na pata e pulgas do tamanho das unhas.
Encontrado por um homem grosseiro de cheirar mal e nunca sorrir. Mas havia ternura ali dentro daquela casca cascuda cheirando mais forte que seu vômito. Dividiam a mesma comida, o mesmo papelão e a mesma rua. Mesmo humano, parecia entender o valor do céu que compartilhavam.
Tinha valores de um cão aos olhos do cãozinho, e dos transeuntes.
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