quinta-feira, 14 de maio de 2009



Borboletas no estômago


A menina era tão pequena para o mundo, que vivia enfiada em seus poemas guardados num caderninho brochura rosa.

Chovia forte, e ela desprotegida protegia o caderno nos braços finos que o vento balançava. A perninha perdida na água da enxurrada o deixou cair de suas mãos e descer boiando até o esgoto. De desespero ela chorou tanto quanto o céu.

O cadáver de uma borboleta violentada pela tempestade boiando n’água suja. O tempo permaneceu fechado dentro dela. Do romantismo, os sonhos afogados.

Primeira experiência, depois viria o casamento estável, e esse sentimento constante de borboletas mortas no estômago.

9 comentários:

  1. você sabe exatamente o que achei desse texto e bom... ele me deixa totalmente sem palavras.
    sinto-me como a menininha.

    ResponderExcluir
  2. Caderninho brochura rosa... amoooooo rs

    ResponderExcluir
  3. "De desespero ela chorou tanto quanto o céu."

    amei...

    ResponderExcluir
  4. Vez ou outra, todos temos a sensação de borboletas mortas no estômago...

    Adorei conhecer o espaço.

    Beijo.

    ResponderExcluir
  5. Passeando pela net...achei esse espaço aqui..e que achado...viagens lindas estou fazendo ...lendo você...

    Beijus gigantes de paz

    ResponderExcluir
  6. Linda imagem de borboleta mortas no estômago! Nas minhas andanças virtuais cheguei até aqui através do blog de Rita Apoena. Gostei e voltarei! Fique à vontade pra me visitar... ou não! =]

    http://bernardoececilia.blogspot.com/

    ResponderExcluir

"Não me venha com mais infância"

De todas as infâncias aqui vividas, aqui postadas, aqui lembradas, eu não quero mais lembranças de uma infância. Seja sempre criança, não me venha com infância, infância é coisa de quem já envelheceu. Envelhecer é coisa de coração que vai morrer. Não me fale de infância, aqui somos eternamente esses olhos encantados.