quinta-feira, 5 de março de 2009

Das luzes que dissolvem a essência


Depois dos quinze eu fui infelizmente abrindo os olhos, não como nas idades de sol, onde uma lente de ingenuidade mantinha o coração protegido, um tempo depois os olhos estavam nus, cortados pelas luzes mais vulgares da vida.

Esbarro com uma série de fantasmas, separados entre si por qualquer forma comum de status, eu vejo todos iguais, apenas fantasmas que se arrastam pra serem considerados melhores entre si, mas que nunca deixam de serem espectros presos aos passos uns dos outros. Carregando uma luz absolutamente seca nos olhos.

Minhas orações quase que pararam de sonhar, e só tem me abastecido de fé pra poder caminhar junto aos passos fora de casa. Preocupo-me muito pouco com Deus.

Dos meus medos, o pior é ver que minha alma tem respirado muito pouco, e a vida que vai invadindo esse buraco aberto nos olhos, tem me tornado em cada temperatura diluída, mais frio, mais fantasma. Mais preparado.

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5 comentários:

  1. "Dos meus medos, o pior é ver que minha alma tem respirado muito pouco, e a vida que vai invadindo esse buraco aberto nos olhos, tem me tornado em cada temperatura diluída, mais frio, mais fantasma. Mais preparado."
    me impressiono cada vez mais com os seus textos.

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  2. Ah como me sinto nessas linhas Ulle...
    nem fazes ideia do quanto...

    'Dos meus medos, o pior é ver que minha alma tem respirado muito pouco, e a vida que vai invadindo esse buraco aberto nos olhos, tem me tornado em cada temperatura diluída, mais frio, mais fantasma. Mais preparado.'

    [o tear está belamente formado, muito bom]

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  3. Nossa amigo...Minhas orações quase que pararam de sonhar, e só tem me abastecido de fé pra poder caminhar junto aos passos fora de casa.
    e preciso comentar??? rs rs
    M A R A V I L H O S O como sempre
    Bjus

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  4. Deixe que a alma respire de acordo com a necessidade, a essência dela multiplica a cada segundo..

    Lindo Poema!
    Parabéns!

    Beijos!

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  5. Nico, Nico, Nico Pinico!

    És escrevedor! E que prazer ler-te, não como palhaço - geralmente não tem um gosto muito agradável - mas como pessoa - mesmo não sendo canibal.

    Bizarrices à parte, estarei sempre por aqui.

    Monique, verão de 2009

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"Não me venha com mais infância"

De todas as infâncias aqui vividas, aqui postadas, aqui lembradas, eu não quero mais lembranças de uma infância. Seja sempre criança, não me venha com infância, infância é coisa de quem já envelheceu. Envelhecer é coisa de coração que vai morrer. Não me fale de infância, aqui somos eternamente esses olhos encantados.