Borboletas no estômago
A menina era tão pequena para o mundo, que vivia enfiada em seus poemas guardados num caderninho brochura rosa.
Chovia forte, e ela desprotegida protegia o caderno nos braços finos que o vento balançava. A perninha perdida na água da enxurrada o deixou cair de suas mãos e descer boiando até o esgoto. De desespero ela chorou tanto quanto o céu.
O cadáver de uma borboleta violentada pela tempestade boiando n’água suja. O tempo permaneceu fechado dentro dela. Do romantismo, os sonhos afogados.
Primeira experiência, depois viria o casamento estável, e esse sentimento constante de borboletas mortas no estômago.