sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Bebidas e outros solventes


Segunda-feira vem cortando meus ossos quase me convencendo que sou forte por conseguir levantar às seis da manhã mesmo com os neurônios derretendo, me dando a sensação de estarem quase escorregando pelos meus ouvidos, multiplicando por três o barulho de tudo.


Degraus, passos, grampeadores, teclas, um bom dia que seja já me é o suficiente pro meu rosto se corromper numa careta ordinária, me fazendo ouvir olhares gritando, narrando e decifrando minhas noitadas, cada ruga vinda do meu vicio, minha alma amassada e minhas marcas.


E nessa dimensão, o que me resta é falta, essa mordida insuportável do vento, uma mordida que não crava, faz um ato contrário, repuxa pele pra fora, fazendo os poros saltarem numa aflição louca. Sinto no ar a boca me pairando frouxa sobre a pele que procura alcançar desesperadamente seus caninos. Tenho marcas doloridas de solidão, contrapondo uns espaços picados pela seringa.


Embora minha curiosidade seja tamanha, o medo me afasta de uma nova experiência arriscada, de um pingo preto nesse mundo alaranjado, que ando mergulhando em uísque (confesso-me CULPADA!), mas é que há tanto do passado borrado no presente, que quase vejo o mesmo do meu futuro, numa exotérica taça de cristal.


Prazer, essa sou eu, procurando desculpas pra beijar mais uma noite nos meus copos cheios de vômito.


(André Ulle & Ingrid Regina)
(**Mexicano e Guiiiiiiiiiiiiiiiga**)

2 comentários:

  1. Sem arrogancia, só com olhar limpo digo que acho esse texto ótimo, bom, digno e lindo em tudo, nao pelo ele em si, mas por como surgiu, quem o trouxe e afins:
    Foi uma delicia escrever com você, um deleite!
    Uma troca de cores de palhaços romanticos, que resultou nisso aí.

    Obrigado meu Ulle pelo prazer proporcionado através da cor da sua caneta, das linhas e da sua escrita.

    Beijo Grande, de coraçao e meio, meu Grande Amigo Mexicano;

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  2. O prazer foi meu,
    Não é só o texto
    mas suas cores fazem artesanatos com a massa fria do pastel da minha carne (:

    André Ulle

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"Não me venha com mais infância"

De todas as infâncias aqui vividas, aqui postadas, aqui lembradas, eu não quero mais lembranças de uma infância. Seja sempre criança, não me venha com infância, infância é coisa de quem já envelheceu. Envelhecer é coisa de coração que vai morrer. Não me fale de infância, aqui somos eternamente esses olhos encantados.